Óquei Clube de Barcelos

O Óquei Clube de Barcelos (OC Barcelos) é um dos clubes mais emblemáticos do hóquei em patins português, tendo sido fundado oficialmente a 1 de janeiro de 1948, embora a sua fundação remonte, de forma oficiosa, a 22 de dezembro de 1947. O clube nasceu do empenho de um grupo de jovens da cidade, liderados por Cândido Cunha e Simplício Sousa, insatisfeitos com a falta de condições para a prática do hóquei em Barcelos. O nome do clube chegou a ser discutido — se deveria ou não incluir o “h” de hóquei — mas, por influência das normas do Estado Novo e por tradição local, acabou por manter a designação aportuguesada “Óquei”.

Nos primeiros anos, o OC Barcelos cresceu em torno de um ringue improvisado no Pessegal (atual Nova Marginal do Cávado), tornando-se rapidamente num polo de atração e entusiasmo local. Embora durante muitos anos o clube se tenha mantido na II Divisão Nacional, a perseverança e o investimento na modalidade, especialmente na década de 1980, catapultaram-no para o topo do hóquei nacional. 1986 marca a histórica ascensão à I Divisão. Desde então, nunca mais foi despromovido, estabelecendo-se como presença constante na elite e grande rival dos principais clubes minhotos, como o HC Braga e a Juventude de Viana.

O auge da história do OC Barcelos ocorre na década de 1990 e nos primeiros anos do novo milénio, período em que o clube se afirmou não só em Portugal como na Europa e no Mundo. Conquistou 3 campeonatos nacionais, 4 Taças de Portugal, 5 Supertaças António Livramento, além de inúmeros títulos internacionais: 2 Ligas dos Campeões (1990/91 e 2024/25), 1 Taça Intercontinental (1992), 3 Taças WSE (1994/95, 2015/16, 2016/17), 1 Taça das Taças (1992/93) e 1 Taça Continental (1991). Destaca-se especialmente o feito internacional de 1992, ao conquistar a Taça Intercontinental frente ao Sertãozinho HC, sendo a primeira equipa portuguesa a celebrar esse troféu mundial[1].

A par dos títulos, o clube também desenvolveu infraestruturas, como o Pavilhão Municipal de Barcelos, inaugurado em 1972 e conhecido como “A Catedral”, com uma capacidade atual para 2.000 pessoas, sendo considerado um dos principais palcos do hóquei mundial.

Em meados dos anos 2000, o clube enfrentou períodos de maior dificuldade, com crises financeiras e diretivas que afetaram o desempenho desportivo. Apesar dessas adversidades, o Barcelos nunca desceu de divisão e manteve sempre uma forte ligação à formação e renovação de talentos. Em 2011, com a eleição de Francisco Dias da Silva como presidente, o clube começou a recuperar o prestígio. Retornou às competições europeias em 2012 e voltou a ser protagonista no hóquei nacional e internacional, conquistando novamente taças europeias e mantendo regularidade nas principais competições.

O recente feito maior do OC Barcelos corresponde à vitória na Liga dos Campeões de 2024/2025, conquistando o segundo título europeu da sua história ao vencer o FC Porto numa final dramática decidida nas grandes penalidades, que marcou a terceira vitória consecutiva de uma equipa portuguesa na maior competição europeia. O jogo terminou empatado 1-1 no tempo regulamentar e prolongamento, com o guarda-redes Conti Acevedo a ser herói nas penalidades, garantindo a vitória por 2-0.

O currículo do clube é impressionante, contando com 19 títulos oficiais na equipa sénior, um vasto palmarés de conquistas nacionais e internacionais, resultados expressivos em todas as competições e uma afirmação histórica como a primeira equipa portuguesa a conquistar todos os principais troféus da modalidade. O Barcelos é também reconhecido pela sua forte ligação à formação de jovens, tendo obtido títulos nacionais de sub-13 a sub-19. Ocupa atualmente o 4º lugar no ranking mundial de clubes de hóquei em patins.

Ao longo das décadas, foram vários os jogadores e treinadores que deixaram marca, bem como presidentes que contribuíram para o crescimento da instituição, destacando-se, na última década, o papel da direção na recuperação do prestígio do clube e no relançamento da mística óquista. O OC Barcelos mantém-se como símbolo de identidade local, resistência, talento e paixão pelo hóquei em patins, representando para Barcelos e para Portugal um orgulho inabalável no panorama desportivo europeu.